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Eu preciso de uma Doula se eu tenho uma parteira?

(Tradução livre do texto “Do I need a doula if I have a midwife?” do site Spinning Babies)

Nas primeiras horas da noite, uma mulher trabalha para trazer à luz o seu bebê. Seu coração já está aberto e seu corpo está se abrindo. Ela sabe que seu corpo foi projetado para este milagre. Ela só precisa de um lugar em que ela se sinta segura e de pessoas a quem ela possa confiar a tarefa de prestar atenção aos detalhes. Ela sabe que terá que abrir mão de estar alerta aos detalhes para permitir que seu trabalho de parto progrida.

O cheiro de seu companheiro é, em si, reconfortante. Seu companheiro representa a história de quem ela vem sendo. Ela quer que ele assista ao parto, para fazer parte do evento que funda quem ela se tornará.

Ela escolheu uma parteira por sua paciência com o processo natural de nascimento. Sua parteira também sabe como lidar com complicações comuns e conhece os sinais que significam a necessidade de transferência para outro cuidador, como um médico de família ou obstetra. Sua parteira não só acredita na “normalidade” do parto em geral, mas também é capaz de avaliar e validar que seu trabalho de parto está correndo bem.

No início do trabalho de parto, o conforto proporcionado por seu companheiro é suficiente. Em trabalho de parto ativo, a presença da parteira é reconfortante para ela e seu parceiro. No entanto, enquanto o céu clareia, o trabalho de parto torna-se ainda mais intenso.

Nossa mulher em trabalho de parto percebe seu companheiro afastando-se um pouco dela. Isso acontece quando ela mergulha mais fundo no trabalho de parto, naquele lugar primitivo para onde seu parceiro não consegue segui-la. A parteira, também, parece distante por um momento. Ah, lá está ela! Trazendo seus instrumentos para mais perto. (…) Ela ouve, então, a parteira rasgando o pacote de papel que mantém as luvas estéreis.

Uma contração cobre-a, sacudindo-a em direção ao seu interior. Espere! Ela quase não consegue vencê-la. E imagina se vai conseguir ultrapassá-la ou se a contração vai submergi-la. Ela, então, sente um toque quente em seu ombro, ouve seu nome falado amavelmente. A doula está lá. Sim, é isso mesmo, mulheres dão à luz e é assim mesmo.

Agora ela sabe que será capaz também. Uma contração em seguida vem. A doula está cara a cara com ela, falando em ritmo calmo. Seu parceiro vê como a transição pode ser suportada e se aproxima, confiante novamente.

De repente vem essa força poderosa de dentro dela, o desejo de empurrar. A parteira fala. Sua voz leva-a por esta transformação quase esmagadora. A parteira mostra-lhe como respirar de forma a evitar uma laceração e levar oxigênio para seu pequeno, apenas alguns centímetros ainda dentro de seu corpo. A doula lembra a ela que seu corpo é capaz de dar à luz.

Nos dias que se seguirão, ela espera compartilhar reflexões do nascimento com a sua parteira. Ela está ansiosa por ouvir a opinião da parteira sobre seu trabalho de parto e obter alguns detalhes. Ela busca a parteira para ouvir sobre sua força de parideira e dos altos e baixos do seu trabalho de parto. O que a parteira diz parece validar a sua iniciação no mistério que é o parto.

Ela também vai falar com sua doula, provavelmente várias vezes, sobre o parto. Mesmo a doula tendo estado lá, recontar o parto juntas insere a história na trama do tecido de sua nova maternidade. Ela vê o rosto da doula se iluminar de admiração e celebração, o que permite que ela saiba que ela conseguiu se tornar uma mãe de forma vitoriosa. Sua doula é uma parceira que compartilha de sua comunhão.

Eu sou uma parteira que também foi uma doula durante muitos anos. Os papéis podem sobrepor-se. Ambos celebram a força e a glória das mulheres parindo, mas os papéis são diferentes.

A doula está preocupada com a experiência emocional da mãe em primeiro lugar. A parteira deve estar preocupada com a segurança e a saúde da mãe e seu bebê em primeiro lugar. A doula é uma parceira, como uma nova amiga com experiência em partos. Quando o parto ocorre em um hospital, a doula pode ser a única pessoa que objetivamente se encontra com a mulher durante a gestação, mantém-se ao seu lado durante o parto e passa momentos com ela após o bebê ter nascido.

Parto é pessoal. Confiança é uma estrada íntima em direção a uma função fisiológica. Podemos confiar no nascimento não apenas em razão de uma vantagem estatística, mas porque o vivemos em um equilíbrio entre a fisiologia e nosso mundo relacional, com pessoas que amamos e com quem mantemos uma comunhão. Paz em ambos os lados, fisiológica e no campo das relações, requer o equilíbrio entre ambos. A doula tem como objetivo eliminar os obstáculos à paz, enquanto a parteira mantém-se atenta aos obstáculos do parto.

A parteira é um papel antigo renovado para os tempos modernos. A doula é um papel moderno refletindo os tempos antigos.

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